sexta-feira, 13 de agosto de 2010

O CENTRO DO RIO

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Trabalhar no centro de uma cidade com o Rio de Janeiro tem muitas vantagens. Principalmente, para alguém que como eu mora do outro lado da Baia de Guanabara. Todo dia quando pego a barca para ir trabalhar aciono o botão que avisa ao meu subconsciente que é hora de trabalhar. E, quando volto, os 18 minutos da travessia servem para deixar o dia para trás. Quando desembarco na estação e olho para o Rio é como se as preocupações e as coisas por fazer estivessem longe esperando até o dia seguinte para voltar a me dominar.

Hoje aproveitei mais uma das vantagens de trabalhar no centro de uma cidade histórica e cultural. Na hora do almoço fui conferir a trajetória de Anita Malfatti. Sua pintura foi apontada com estopim do modernismo brasileiro por ícones como Tarsila do Amaral, Mario de Andrade e Oswald de Andrade. O Centro Cultural Banco do Brasil apresenta: Anita Malfatti – 120 Anos de nascimento. A exposição composta por 120 obras de 70 coleções particulares e públicas é um passeio por todas as técnicas e materiais usados pela artista ao longo da sua vida.

Um delicioso passeio entre o primeiro quadro (Burrinho correndo – 1909) assinado como Babynha e a última obra que ficou inacabada (Cristo nas ondas – 1950/60). O passeio segue pelo choque da Semana de Arte Moderna de 1922, pela simplicidade da descrição do interior do Brasil e suas festas populares, os retratos da família e dos amigos modernistas e, a que eu considero a sua fase mais bonita, que retrata suas viagens pelo mundo. Nunca fui a Veneza, mas os quadros Canal de Veneza e Veneza, Canal me fizeram sentir como seu eu tivesse conhecido sem sair do lugar. As obras feitas na Ilha Monhegan nos Estados Unidos também servem de passaporte a uma viagem sem deslocamentos.

Monterio Lobato descreveu assim o trabalho de Anita Malfatti:
Paranóia ou mistificação?
“Estas considerações são provocadas pela exposição da Sra. Malfatti, onde se notam acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de Picasso e companhia. Essa artista possui um talento vigoroso, fora do comum. Poucas vezes, através de uma obra torcida para má direção, se notam tantas e tão preciosas qualidades latentes. Percebe-se de qualquer daqueles quadrinhos como a sua autora é independente, como é original, como é inventiva, em que alto grau possui um sem-número de qualidades inatas e adquiridas das mais fecundas para construir uma sólida individualidade artística. Entretanto, seduzida pelas teorias do que ela chama arte moderna, penetrou nos domínios dum impressionismo discutibilíssimo, e põe todo o seu talento a serviço duma nova espécie de caricatura. Há de ter essa artista ouvido numerosos elogios à sua nova atitude estética. Há de irritar-lhe os ouvidos, como descortês impertinência, esta voz sincera que vem quebrar a harmonia de um coro de lisonjas. Entretanto, se refletir um bocado, verá que a lisonja mata e a sinceridade salva. O verdadeiro amigo de um artista não é aquele que o entontece de louvores e sim o que lhe dá uma opinião sincera, embora dura, e lhe traduz claramente, sem reservas, o que todos pensam dele por detrás.”, Monteiro Lobato.

Ainda no CCBB podemos conferir Zeróis: Ziraldo na tela grande. Uma mostra que tem como fonte as Histórias em Quadrinhos e seus Super-heróis. Mas essa vai ter que ficar para outro dia. O almoço acabou e preciso voltar ao trabalho!
A Onda - 1915/17 - Ilha de Monhegan/EUA

Anita Malfatti – 120 Anos de nascimento fica no CCBB até o dia 26 de setembro, imperdível!

Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Primeiro de Março,66
Centro do Rio de Janeiro
Aberto de terça a domingo das 9h às 21h

12 de agosto de 2010

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Distância

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Às vezes precisamos tomar alguma distância para enxergamos melhor aquilo que está bem próximo dos nossos olhos. Enxergar pelos olhos de alguém para tentar entender a confusão dos nossos sentimentos. Ficamos tão envolvidos em nossos problemas, ou situações rotineiras que não conseguimos pensar com clareza qual o próximo passo a dar.

Às vezes nossas rotinas nos absorvem de tal forma que ligamos o piloto automático das decisões. Vamos deixando de viver e passamos apenas a estar presente em nossas próprias vidas. E, estando presentes assistimos a vida passando. Guardamos de lembrança o que acontece a nossa volta. Colecionamos memórias. Escolhemos não fazer escolhas... Deixamos de acreditar naquilo que nos move. Às vezes chegamos até a odiar!

Às vezes quando nos distanciamos conseguimos ver claramente as não escolhas que fizemos. O resultado delas. Quando conseguimos deixá-las para traz e seguimos em frente é sinal que fomos tão longe que os erros, acertos e as conseqüências ficaram tão pequenos que parecem não ter acontecido. Então a vida pode voltar a seguir seu rumo.

Às vezes essa distância cabe em uma noite de sono. Outras vezes é maior que dias, semanas e até meses. Às vezes precisamos percorrer cidades. Outras vezes essa distância é um recomeço. Quando nos afastamos podemos ser diferentes. Não nos cobramos tanto, não cobramos tantos das pessoas. Sorrimos mais. Nos preocupamos menos. Usamos roupas mais leves. Não usamos maquiagem. E quando voltamos estamos prontos a escolher: continuar sendo quem fomos ou ser outro. Qualquer que seja a escolha deixamos para traz o peso que nos impedia de dar o próximo passo!

27 de julho de 2010
PS: Foto Érica Ramalho

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